quarta-feira, 9 de novembro de 2011

NEYMAR, " Eu Fico ! "



Quando Neymar despontou, ganhou fama e passou a frequentar as manchetes como mais um craque brasileiro com destino selado – a Europa -, o presidente do Santos veio a público anunciar uma obra de engenharia financeira que permitiria manter o menino na Vila para além do esperado.

Seu arrazoado, lúcido e bem articulado, não era um desses arroubos de torcedor que reveste, em geral, a fala dos nossos cartolas, apaixonados, e, regra geral, incompetentes. Eis por que, à época, comentei que se tratava de um discurso de verdadeiro estadista, pois as palavras transcendiam os muros da Vila Belmiro, abarcavam questões básicas do nosso futebol, e descortinavam um novo caminho no estreito horizonte do negócio bola, picada já aberta, diga-se, com outro desenho, pelo Corinthians na contratação de Ronaldo Fenômeno.

Um país, cuja economia está servindo de modelo até para os cancãs do Primeiro Mundo, não poderia, na indústria do futebol, seguir submisso ao conceito da venda fácil e imediata de craques – um dos nossos maiores patrimônios – só para tapar buracos de clubes geridos pelo coração, não pela razão, quando não por mera cupidez.

Eis que, novamente, o presidente do Santos surpreende ao anunciar a extensão do contrato com Neymar até a Copa do Mundo de 2014, a ser disputada no Brasil.

E, de passagem, passou um sabão em regra na mídia apressada e descuidada que já dava Neymar como certo no Real, ou no Barça. Um sabão sem espumas de revanche, mas elegante e com certo toque de humor, advertindo apenas para a turma ter mais cuidado com as tais fontes confiáveis num universo tão fluido e movediço como o do futebol, onde insondáveis interesses permeiam cada palavra, cada gesto.

Pois, na verdade, apesar de todas as tramas sofisticadas criadas em torno da eventual saída de Neymar da Vila, o que pesou foi o desejo do jogador, e a lúcida visão de seu pai, que há tempos garantiu, que seu menino só sairia do Brasil quando estivesse devidamente amadurecido em todos os sentidos.

Ora, um garoto de 19 anos (à época, Neymar tinha 17) obviamente não está maduro para encarar um novo país, um desafio com tantas cobras criadas, num clube como o Real, que não ganha nada há anos, caminha à sombra do seu maior rival, o Barça, e cuja paciência com novas estrelas é zero.

Na Vila, Neymar está em casa, perto de seu filho recém-nascido, ao lado de seus amigos de sempre, sob a proteção do pai com quem se dá às mil maravilhas, adorado pela multidão de crianças e adolescentes, e, sobretudo, ganhando uma fortuna que, ao cabo do atual contrato, lhe permitirá manter no luxo as próximas gerações até que um de seus descendentes cometa uma bobagem sem tamanho.

Assim, ganham Neymar, por tudo exposto, o Santos, que consegue manter um ídolo capaz de, como tal, entrar na história do clube ao lado de Pelé, e prestar ao futebol brasileiro esse inestimável serviço de craque incomparável nos dias de hoje.

E, mais, como ídolo dos meninos e meninas, por certo, sua permanência na Vila haverá de atrair toda uma geração de torcedores só comparável aos tempos únicos de Pelé. Qual o preço disso?

Resumindo: está tudo certo, até que um dia dê errado – toc, toc, toc.


Por Aleksim Oliveira

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