sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Oito e oitenta




Poucos times explicitaram de maneira tão intensa o oito e oitenta nas atuações como o Bahia nesse Brasileiro. No momento do alto, cheguei a pensar que não precisaria mais voltar à questão da entrega. Do jeito que estava, imaginava ter apenas de elogiar a disposição, a raça, até o final da temporada. Entretanto, nos últimos jogos, isso foi quebrado. Aquela sensação de orgulho foi embora. Não que os jogadores estejam entregando, mas o algo a mais sumiu! E no momento mais decisivo do campeonato, o time abraça uma queda de rendimento, vontade e confiança de maneira injustificável! 
 
No artigo passado disse ter percebido a perda do foco no momento da saída de Hélder contra o Fluminense. Pode ser só coincidência, mas continuo achando que, perdendo o diferencial no meio de campo, o time baixou a crista e a confiança foi embora. É provável que Hélder volte contra o Grêmio, porém o que nos garante o retorno no mesmo nível antes da lesão? Não estou querendo “zicar” o jogador, mas ele também entra no oito e oitenta. Apenas temos de ver alternativas, soluções e tentar apresentar o que se quebrou desde então. Os jogadores não estão mais chegando ao limite e Jorginho tem se atrapalhado. 
 
Contra o Corinthians, dificilmente o treinador poderia ter escolhido uma escalação pior dentro do esquema de jogo implantado. Com Fahel, Fabinho, Diones e Kléberson, o time perdeu velocidade, pensamento, dinâmica, passe, finalização. Isolaram completamente os dois homens de frente, Gabriel e Elias. Com os laterais atuais, não tem como limitar o meio de campo dessa forma! Neto é muito bom, mas não tem velocidade nem qualidade no drible para chegar à linha de fundo ou puxar contra-ataques com poucos companheiros. Jussandro tem se esforçado muito, mas ainda está em fase de amadurecimento e trabalha apenas de uma intermediária a outra. Tem um apoio básico e não diferenciado. E os adversários têm colocado sempre alguém em cima dele. A equipe ficou amarrada, sem recursos e foi presa fácil. Por sorte, os paulistas não estavam tão interessados na partida. Douglas, Romarinho, Martinez e Guerreiro pareciam estar disputando um baba depois de uma feijoada. 
 
Uma das coisas que me fez elogiar bastante Jorginho, era a forma como ele conseguia enxergar o jogo e modificá-lo para melhor. Isso também não ocorreu mais. As escolhas iniciais e as substituições têm sido confusas. O posicionamento de Gabriel, tão bem executado nos jogos contra Santos e São Paulo, tem sido terrível individualmente e coletivamente. Não estou comparando a capacidade e sim as características. Gabriel tem estilo de jogo semelhante ao de Oscar, do Chelsea e da Seleção. Não é jogador para ficar isolado como atacante de beirada, tendo sempre que driblar dois ou até três em velocidade, antes que algum companheiro se aproxime. Gabriel não tem explosão, força e rapidez para tal função. Com esse posicionamento, Jorginho repete o mesmo desperdício feito por Caio Júnior. O treinador precisa rever o jogo contra o Santos para colocar as ideias em ordem. Gabriel tem de jogar de frente.
 
Faltam agora seis jogos para o final do Brasileiro. Todos com intervalo de uma semana de um para o outro. É a hora de colocar a cabeça no lugar, recuperar os machucados e, de fato, partir para o sacrifício. Como falou um dia desses um torcedor “tuiteiro” do Bahia, com exageros típicos do desespero que se encontra. “Comovente é Assunção e Barcos matarem a própria família p/ salvar o Palmeiras, enquanto seu muso Souza fica de nigrinhagem”. 

Não levem os termos ao pé da letra, por que ele é resenheiro, mas o questionamento é muito válido. Souza é fundamental nesse time. Fundamental! Justamente por isso, é desesperador ver como ele não se cuida. Um cara que, geneticamente, já é propenso a problemas musculares, não pode ser tão desleixado. O principal atacante do Bahia, não jogou nem 50% dos jogos da temporada por suspensões bobas e lesões musculares repetidas. Não estou culpando Souza pela situação tricolor na Série A, porém o time precisa dele e que Marcos Assunção seja o exemplo!  

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Olhos do Mundo


Fluminense x Grêmio e Atlético/MG x Fluminense foram ótimos jogos. Não é por acaso que são as melhores equipes, com bons elencos e bem dirigidas por seus técnicos. Essas duas partidas, e outras poucas, são ilhas de excelência. A maioria dos jogos é ruim. Falo de futebol coletivo, técnico. Muita emoção e belas jogadas individuais, isoladas, ocorrem até na China.

Diferentemente do jogo entre Fluminense x Grêmio, em que os dois times jogaram muito bem, no domingo, a única excelente atuação foi a do atlético/MG. Poderia ser uma goleada. No gol de Ronaldinho Gaúcho, corretamente anulado, a falta foi clara. Se o Fluminense acreditar demais que é “cirúrgico”, como tanto falam, pode perder outros jogos.

Ronaldinho Gaúcho foi espetacular, tenho que reconhecer isso. Ele calculou até a distância da bola para o pé de Jô e o salto e a altura de Leonardo Silva, para colocar a bola na cabeça do zagueiro no gol de desempate e da vitória.

Falando em craque, lendo uma entrevista de Jorge Valdano (companheiro de Maradona na conquista da Copa do Mundo de 1986), ele que é uma das opiniões mais respeitadas na Argentina e na Europa, ele disse que Messi e Cristiano Ronaldo são hoje os melhores, mas que Neymar é mais inventivo.

Isso dá uma boa e polêmica discussão. Em minha opinião, Neymar é mais habilidoso, fantasista, barroco, bailarino, com um repertório mais variado e com mais efeitos especiais. Messi é mais técnico, minimalista, menos exibicionista. Executa com extrema eficiência o que é necessário. Seus gols são tão simples e concisos, que parecem se repetir.

Apesar de todos serem bastante diferentes, o brasileiro Neymar se assemelha mais ao argentino e artista Maradona, enquanto o argentino Messi se parece mais com o brasileiro Pelé. Não quero dizer com isso que Neymar e Maradona não tenham uma excepcional técnica, e que Pelé e Messi não sejam muito habilidosos e criativos. Por ser Maradona mais show, muitos, especialmente argentinos, acham que ele foi melhor que Pelé.

Daqui a alguns anos, não sei quantos, Messi estará em declínio, enquanto Neymar, provavelmente (espero), estará no máximo de seu esplendor. Após encerrarem suas carreiras, saberemos quem foi o melhor. Hoje, é Messi, que começa a ser comparado, pelos números, a Pelé. Mais importante que as estatísticas é o encanto do craque. Isso não pode ser medido. Pelé foi e é muito mais completo.

Neymar ainda não brilhou intensamente, nem uma única vez, enfrentando os melhores times e seleções do planeta. Não podemos ainda coloca-lo entre os maiores do mundo.

Não podemos ver o futebol apenas com o olhar dos clubes, da cidade, do estado ou do país, com a preocupação de mostrar que somos nacionalistas ou de promover o futebol brasileiro. Temos de enxergar o futebol com os olhos do mundo, sem perder as nossas raízes. 


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Super Técnicos



Aos poucos, o estilo do futebol brasileiro, orgulho nacional, foi modificado e dilapidado. Criaram outro futebol.

Muitas equipes passaram a jogar com 03 zagueiros (03 autênticos ou 02 e mais 01 volante-zagueiro), a fazer marcação individual, como a de Adriano sobre Ronaldinho Gaúcho, no jogo entre Santos x Atlético/MG, a jogar com 02 ou 03 volantes brucutus, para proteger os zagueiros e fazer cobertura dos laterais, a ter um único meia responsável por toda a criação de jogadas, a dar chutões, a privilegiar jogadas aéreas, a cometer um absurdo número de faltas e a tumultuar as partidas. Tudo programado e compartimentado.

Os técnicos criaram verdades e dogmas para justificar essa mediocridade coletiva, com o apoio de parte da imprensa. Todas as partidas passaram a ser analisadas a partir da conduta dos técnicos. Lembram-se do programa na TV, “Super Técnicos”? Como era duro assistir a tanta prepotência. O futebol feio, ineficiente e violento, atingiu níveis insuportáveis. Até a turma do oba-oba tem reclamado.

Muitas coisas mesmo que timidamente, começam a mudar. Como se fossem ilhas de esperança. Algumas partidas são excelentes, como Fluminense x Grêmio, por exemplo, dois times organizados, que colocam a bola no chão. O jogo em minha opinião foi do mesmo nível técnico dos grandes e badalados clássicos europeus.

A mediocridade convive com alguns excelentes jogadores, geralmente veteranos, e com Neymar, um fenômeno. Ele, se tiver, com frequência, as mesmas atuações contra as melhores equipes do mundo, seja atuando pelo santos, pela Seleção ou por qualquer um dos grandes times da Europa, se tornará um dos maiores jogadores da historia do futebol mundial. Acho que é questão de tempo.

Um clube que tem um Neymar, não possui um rápido e bom atendimento a atletas com graves problemas na partida. Muito mais importante que a entrada da ambulância é ter condições técnicas, tecnológicas e médicos capacitados para atender os jogadores, conduzi-lo à ambulância bem equipada e, em seguida, ao hospital. Na Inglaterra (exemplo de organização), as ambulâncias não entram no gramado. Todos os estádios brasileiros têm de ser com frequência, vistoriados.

Quando a Seleção, mesmo contra adversários medianos como o Japão, mostra 02 zagueiros que têm bons passes, volantes que marcam e atacam com qualidade, e 04 jogadores adiantados que são meias e atacantes, cria-se uma esperança de que o Brasil possa ter um ótimo time na Copa e que isso provoque mudanças nas equipes brasileiras.

Outros acham que, para reagir, a única solução é jogar mais e perder o Mundial. Cresce também o número de indiferentes. Penso que, depois da Copa, independentemente do que ocorrer, nosso futebol nunca mais será o mesmo, para melhor ou para pior.

domingo, 5 de agosto de 2012

O PASSADO NÃO PASSA


Antes de começar a Olimpíada, acreditava que o Brasil era o maior favorito no futebol masculino, por causa da maneira de jogar, diferente dos times brasileiros e, principalmente, por ser quase a Seleção principal.


Após algumas rodadas, ao ver todas as equipes, aumentou minha convicção. Obviamente, nem sempre se joga tão bem e, nem sempre ganha o favorito.

Posso também estar enganado. Em uma competição, com frequência, um time goleia e dá show no inicio, encanta, mas, depois, perde o jogo decisivo. Na ultima partida contra Honduras, a vitoria não foi tão convincente.

O Brasil, criticado por não ter feito um planejamento para a Olimpíada, é, coletivamente, o melhor time até agora. Muitas outras seleções parecem um ajuntamento de última hora.

Os que não conheciam Neymar devem ter ficado deslumbrados após o jogo contra a Bielorrússia. Os que já o tinham visto jogar mal, pela Seleção principal, contra fortes equipes, e pelo Santos, contra Corinthians e Vélez, devem ter se perguntado: “Quero ver Neymar driblar tanto contra times melhores”. Penso que isso é questão de tempo.

Neymar precisa aprender a brilhar sem depender tanto dos dribles. Quando enfrenta fracos times, mostra seu imenso e fascinante repertório. Contra times fortes, tenta fazer o mesmo e, com frequência, não consegue. Já Oscar, que está longe de ter o talento individual de Neymar, é capaz, pelo estilo, de jogar muito bem contra qualquer adversário.

Uma das qualidades da Seleção é não ter um único meia de ligação, clássico, responsável pela criação de jogadas, uma obsessão dos treinadores brasileiros. Oscar, Hulk e Neymar são meias e atacantes, armam e fazem gols. Oscar, às vezes, é um terceiro volante, pois volta para marcar ao lado dos outros dois.

Quase todas as grandes e/ou vencedoras equipes, como as Seleções Brasileiras de 58, 62, 70, 82, 94 e 2002, o Santos da era Pelé, o Barcelona de Messi e outros, não tinham ou têm um clássico meia de ligação.

Apesar de não ter visto o Santos da era Pelé e as Seleções de 58, 62 e 70 jogar, é o que pude descobrir em minhas pesquisas sobre o nosso futebol. Em minhas lidas sobre o futebol, junto com o que assisto hoje em dia, acho também que não se deve confundir o atual meia, como Deco, Ronaldinho Gaucho e Ganso, que jogam em pequenos espaços, entre o meio e o ataque, e que não participam da marcação, com os meias armadores, como Gerson, Didi, Rivelino, Ademir da Guia, Dirceu Lopes, Xavi e iniesta, que jogam de uma intermediária à outra, marcam e avançam.

Os atuais meias são também diferentes dos antigos pontas de lança, como Pelé, Zico, Sócrates e Rivaldo, que eram atacantes, artilheiros, e que voltavam ao meio-campo só para receber a bola livre.

O passado existe para ser lembrado, para ajudar e compreender o presente e para pensar o futuro. O passado continua presente. O passado não passa.

domingo, 15 de julho de 2012

NOVOS TEMPOS



No passado, os craques eram as únicas estrelas do futebol. Com o tempo, surgiram outros personagens badalados, como treinadores, investidores, empresários, agentes dos técnicos e dos atletas e, agora, marqueteiros.

Nada contra o marketing. Pelo contrário. É uma atividade digna, importante e necessária. Acho apenas que os marqueteiros são excessivamente otimistas.
Quando chega um contratado, jogador comum, como Marcelo Moreno, no Grêmio, é anunciado como um craque, uma celebridade.

Quando Ronaldinho Gaucho chegou ao Flamengo, venderam a ilusão de que ele era ainda um magistral jogador. O torcedor acreditou. Como o time não agradava, ele era o mais vaiado, mesmo quando era o destaque. No Atlético Mineiro, como a expectativa é menor, ele ganha menos, e o time tem vencido, ele é aplaudido, mesmo jogando menos que no Flamengo.

As novas estrelas são Seedorf e Forlán. Parece que chegaram o Seedorf dos melhores momentos e o Forlán da copa de 2010. Seedorf tem sido mais badalado. O marqueteiro do Botafogo deve ser mais otimista. Forlán, por ser mais jovem, tem mais chance de jogar bem por mais tempo.

Nos últimos anos, jogadores famosos e caros, contratados pelos times brasileiros, vieram porque não tinham mais lugar nas melhores equipes da Europa. Muito melhor jogar aqui que na China, Rússia, Ucrânia, países árabes e outros lugares. Da mesma forma, não há mais razão dos jovens e bons jogadores brasileiros, como Paulinho, irem para esses países periféricos.

Mesmo veteranos e em fim de carreira, a maioria desses jogadores, por terem sido excepcionais, ainda são destaques nos times brasileiros. O mesmo deve ocorrer com Seedorf e Forlán. Isso justifica suas contratações, desde que os clubes paguem também suas dívidas e impostos. A Timemania foi criada para isso, mas, foi um grande fracasso.

O que mais preocupa é ver que o futebol brasileiro, hoje tão badalado, que deveria ser o centro de excelência técnica no mundo, formador dos maiores craques, grande produtor de trabalhos, é, cada vez mais, uma indústria de negócios, de celebridades, do espetáculo e do entretenimento.

Grave, vergonhoso, é a confirmação do suborno recebido pelo ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira e o ex-presidente da FIFA, João Havelange. O presidente atual da FIFA, Joseph Blatter, disse que suborno não era crime. E o presidente atual da CBF, José Maria Marín, falar que Ricardo Teixeira continuará recebendo R$ 100 mil reais por mês pelo cargo de assessor da entidade. Lamentável.

domingo, 10 de junho de 2012

Um retrato na parede



Existem milhões de teorias interessantes para explicar a brutal queda técnica de Ronaldinho Gaucho, a partir da copa de 2006, na época com 26 anos. É o pensamento operatório, de achar sempre uma única causa para tudo.

As teorias vão de um profundo distúrbio psicológico, que nem Freud entenderia, até as mais diretas, no popular, de que Ronaldinho Gaucho, após ficar famoso e rico, chutou o balde e foi para gandaia. Já os que o conhecem melhor falam que, na época do Barcelona, ele tinha o mesmo comportamento, fora de campo.

As pessoas deveriam se espantar mais pelo fato de Ronaldinho Gaucho ter tido dois anos geniais em sua carreira do que tentar compreender sua brusca queda, já que, na maior parte de sua carreira, nos últimos meses de Barcelona, no Milan e no Flamengo, foi apenas um bom jogador, com alguns raros momentos espetaculares.

No Barça, ele era mais jovem, jogava ao lado de grandes craques, em uma das melhores equipe do mundo, que tinha um estilo muito favorável a ele. Todos os grandes craques passam por varias fases em suas carreiras, de intensidades e durações variadas.

A primeira é a do garoto promessa de craque. A segunda, a do jogador espetacular, que ganha muitos títulos individuais e coletivos. Na terceira, ele joga muito bem e com a mesma regularidade, porém sem o esplendor da fase anterior. Na ultima, que costuma ser a mais longa, ele administra o sucesso. Ganha como se fosse um superastro, mas, brilha só em alguns momentos, cada vez menos, até se apagar.

O período espetacular de um grande talento costuma ser curto. Semana atrás, em uma entrevista a um site que estuda e discute profundamente os esporte (Universidade do Futebol), o artista plástico e escritor Nuno Ramos disse que Van Gogh teve apenas quatro anos maravilhosos e que, em dois anos, pintou a maioria de seus melhores quadros.

Dizer que Ronaldinho Gaucho não dá show porque não quer é um chavão absurdo. Ele não faz isso, com regularidade, porque não consegue, mesmo se esforçando e não indo para as baladas.

Parafraseando o grande poeta, Carlos Drummond de Andrade, Ronaldinho Gaucho genial é um retrato na parede, que não dói. Seus lances espetaculares estão em minha memória, juntos aos grandes momentos que já vi no futebol.

domingo, 13 de maio de 2012

Penúltima chamada.



Ao contrário das listas anteriores, desta vez Mano Menezes acertou. Como se trata de uma convocação voltada para os Jogos Olímpicos, nada mais normal do que convocar uma base formada por atletas abaixo dos 23 anos reforçada por nomes acima da idade limite.

A lista traz jogadores que podem ser debatidos, mas nada que comprometa a montagem do grupo. Sem tempo para trabalhar o time que tentará a inédita medalha de ouro em Londres, Mano precisou rechear seus chamados anteriores com atletas mais jovens para que pudessem ser observados na equipe principal. Esse período de testes resultou na lista abaixo, contendo 23 nomes de onde sairão os 18 inscritos. Em negrito, os veteranos do grupo: 

Goleiros: Jefferson (Botafogo), Neto (Fiorentina) e Rafael (Santos);

Zagueiros: Bruno Uvini (Tottenham), David Luiz (Chelsea), Juan Jesus (Internazionale) e Thiago Silva (Milan);

Laterais: Alex Sandro (Porto), Daniel Alves (Barcelona), Danilo (Porto) e Marcelo (Real Madrid);

Volantes: Casemiro (São Paulo), Rômulo (Vasco) e Sandro (Tottenham);

Meias: Giuliano (Dnipro), Lucas (São Paulo), Oscar (Internacional) e Paulo Henrique Ganso (Santos);

Atacantes: Alexandre Pato (Milan), Hulk (Porto), Leandro Damião (Internacional), Neymar (Santos) e Wellington Nem (Fluminense).

Nota-se que o meio-campo é o único setor em que o técnico não considerou necessário reforçar. Assim, é perfeitamente normal a ausência de Ramires e outros. A presença de Jefferson onde se esperava Júlio César pode ser sinal de que o técnico desistiu do goleiro interista. Único atacante acima da idade limite, Hulk dificilmente estará nos Jogos. A prioridade está na defesa onde quatro jogadores disputam três vagas. 

E é exatamente para isso que servem os quatro amistosos que o Brasil disputará. Os jogos contra Dinamarca (26/05), Estados Unidos (30/05), México (03/06) e Argentina (09/06) servirão de campo de observação para a lista final.

A julgar pela inatividade em seus clubes, os sub-23 Bruno Uvini e Juan Jesus terão a sombra de David Luiz e Thiago Silva que devem formar o miolo da defesa brasileira. Deste modo, restaria apenas uma vaga que, teoricamente, ficaria entre Daniel Alves e Marcelo. 

Arriscando um palpite, diria que o time titular do Brasil nos Jogos Olímpicos será formado por: Rafael; Daniel Alves, Thiago, David Luiz e Alex Sandro; Sandro e Casemiro; Lucas, Ganso e Neymar; Damião. Taticamente, a disposição seria esta:


 
Como a reserva será formada por apenas sete jogadores, Mano terá que ter jogadores versáteis à disposição. Assim, Danilo (lateral direito e volante) e Juan (zagueiro e lateral esquerdo) têm boas chances de figurarem na lista final. 

Assim, apostaria em Neto, Danilo, Juan, Rômulo, Oscar, Pato e Wellington Nem, com Bruno Uvini e Giuliano ficando de fora. 

domingo, 6 de maio de 2012

REVISÃO ELOGIÁVEL



Antes da final do Mundial Interclubes do ano passado, Muricy Ramalho chegou a dizer que gostaria de ver os técnicos dos principais clubes europeus trabalharem no campeonato brasileiro que, em sua opinião, era muito mais difícil.

— O Guardiola é um vitorioso e um dos melhores do mundo, pois alcança resultados. Mas trabalhar na Europa é mais tranquilo. Pra mim, eles (os europeus) só ganharão nota 10 quando forem ao Brasil, disputar um Brasileirão e ganhar. Lá, eles trabalham com os melhores e têm dinheiro e tempo para planejar — disparou, na ocasião.

O impressionante massacre do Santos no Mundial levou o treinador santista a rever seus conceitos. E, em entrevista ao UOL, na sexta-feira, apresentou uma postura bem diferente (e elogiável), reconhecendo a aula recebida do Barcelona naquela partida, principalmente na posse de bola.

— Acho que estou longe (dos europeus). Eles estão em outro nível, disputam competições mais complicadas. Claro que têm a favor a potência que são seus clubes. Mas, agora, aprendo muito com o trabalho deles, estou sempre atento ao que pensam. A gente tinha de ter um intercâmbio maior entre europeus e sul-americanos — reconheceu, antes de dizer que aprovaria até a presença de Guardiola no comando da seleção brasileira e que não vê nenhum treinador daqui em condições de substituí-lo no clube catalão.

Bravo, Muricy! Parabéns pela humildade de admitir que estava errado e mudar de opinião.

domingo, 29 de abril de 2012

Se Perder, Cai !

A Seleção principal, tão contestada por ter poucos craques e por não ter ainda um time, um conjunto, é, paradoxalmente, uma das grandes favoritas para ganhar a medalha de ouro nas Olimpíadas.

Isso ocorre porque, diferentemente de outras seleções, o time olímpico brasileiro será quase do mesmo nível que o principal. Na Europa, por causa das contratações de estrangeiros, são raros os jovens abaixo de 23 anos que são destaques das melhores equipes. Nem sei se os europeus vão levar os três melhores com idade acima de 23 anos.

A Argentina (nossa maior rival) não estará nas olimpíadas. Fora os três acima da idade permitida, o time olímpico uruguaio não terá um único titular da seleção principal. Algum africano como sempre, deve disputar o título.

A Argentina, bicampeã olímpica, tinha situações parecidas com as do Brasil atual. Na última Olimpíada, com Messi, Di Maria, Tévez e outros, os argentinos ganharam com facilidade do time brasileiro.

Do meio para frente, os prováveis quatro titulares da seleção Olímpica, Lucas, Ganso, Neymar e Leandro Damião ou Pato, serão os prováveis titulares na copa. Neymar é certo. Há vários volantes com idade olímpica, como Casemiro, Fernando, Rômulo e Sandro, que estão no nível dos que têm sido escalados por Mano Menezes.

Como o Brasil vai levar os três acima de 23 anos (Thiago Silva é certo), o time será quase igual ao principal. Os outros dois podem ser um goleiro (Diego Alves ou Júlio César), um zagueiro (Dedé ou David Luís) ou um ou dois laterais (Daniel Alves e Marcelo).

A Olimpíada vai escalar a equipe principal. Se o Brasil ganhar a medalha de ouro, os jovens ganharão confiança e serão os preferidos para a copa. Se o Brasil perder, aumentarão os pedidos para a volta de jogadores da última copa, como Kaká, Robinho, Luís Fabiano...

Se o Brasil vencer, haverá também riscos, o do oba-oba. Muitos dirão que o Brasil voltou a ser o melhor do mundo e que é o favorito para a copa de 2014. Esquecem que os adversários da seleção Olímpica não têm nada a ver com suas seleções principais.

Deduze-se, que pelas entrevistas do presidente em exercício da CBF, José Maria Marín, e do diretor de seleções, Andrés Sanches, que, se o Brasil não ganhar a medalha de ouro, sai Mano Menezes. Devendo entrar Felipão, apesar das más campanhas do Palmeiras. Aí volta a Família Scolari e tudo que todos conhecem.

Mano Menezes estará na Olimpíada, entre a cruz e a espada.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Venceremos com Mano no comando ?

Mano tem condições de comandar a seleção? Eu já não sei. E você?



Mano Menezes não era a primeira opção. Mas parecia uma boa alternativa depois que Muricy Ramalho resolveu ficar no Fluminense quando a CBF o procurou. O técnico vice-campeão da Libertadores com o Grêmio e ganhador da Copa do Brasil com o Corinthians tem uma trajetória de bons trabalhos. Sim, Renato Gaúcho também apresenta tais feitos em seu currículo e jamais se pensou nele para a função. Mas a escolha de Mano, a meu ver, não era absurda, ou pelo menos não parecia.


Mais de um ano e meio após dizer "sim" ao convite cebeefiano, Mano apresenta pouco. Não há um bom time, não existe uma forte liderança, falta conjunto, um ataque que convença e a defesa, estatisticamente bem, quando desafiada por seleções como Alemanha e França, levou gols. Nem ela é confiável.

Se não fosse a CBF aparecer em seu caminho, Mano Menezes teria seguido no Corinthians ou já estaria em outro clube. Provavelmente fazendo bons trabalhos, pois é eficiente no dia-a-dia, no comando do grupo, na rotina que é totalmente diferente da que enfrenta trabalhando em uma seleção nacional.

Nela, o técnico observa, escolhe entre muitos nomes e precisa montar o time no tempo que lhe for oferecido. E é assim para todos, não adianta reclamar. Por sinal, quando ficou perto de um mês com os atletas, na Copa América, os resultados também não apareceram. Onde está o problema de Mano afinal?

A geração mais nova tem o genial Neymar e alguns bons e razoáveis jogadores. Os homens decisivos, especiais, são raros. Não há mais trincas de "erres", como Ronaldinho-Rivaldo-Ronaldo, que conduziram o time de Luiz Felipe Scolari ao título mundial em 2002. Lá atrás, zagueiro testado e aprovado, só Thiago Silva.

Pressionado por imprensa e torcedores que ainda se importam com uma seleção cada vez mais distante, que gera indiferença em muitos, o técnico vê o tempo ficar cada vez mais curto. Felipão assumiu o comando um ano antes da final da Copa que venceu. Era uma emergência após a saída de Leão.

Seja lá com quem, isso pode, sim, se repetir. Mano não transmite confiança, e não conta com jogadores experientes, "cascudos", que deram sustentação ao trabalho de Dunga, casos de Maicon, Lúcio, Juan, Gilberto Silva, Elano, Kaká, Robinho, Luís Fabiano e outros. A instabilidade é evidente.

Segurar a vitória apertada diante da Bósnia era tão importante nas circunstâncias que, como se fosse um cotejo valendo três pontos, o técnico fez uma substituição nos acréscimos, logo após o segundo gol brasileiro. Sim, a clássica troca de jogadores apenas para ganhar tempo e esfriar o adversário.

Pelo que (não) fez nesses quase 20 meses de trabalho, é difícil ter a certeza de que, hoje, em 2012, Mano Menezes é o homem certo no lugar certo. Carlos Alberto Parreira dirigiu o time "canarinho" em 1983 e acabou demitido. Voltou quase uma década depois e foi campeão mundial nos Estados Unidos.

Mano já tem condições, maturidade profissional, vivência na função, quilometragem para comandar a seleção da CBF? Sinceramente, não sei a resposta. E você?

PS: depois de Barcelona x Santos, em dezembro, com Muricy Ramalho sem ação após montar mal sua equipe, presa fácil diante do campeão europeu, a imagem de técnico estudioso, atento ao futebol que se joga pelo mundo, foi para o ralo. Antes que me perguntem: não, eu jamais levaria, hoje, o atual treinador do Santos para comandar o selecionado cebeefiano.



Longa jornada teremos até o Mundial

 


Uma rara jogada construída pela qualidade individual de Marcelo, Ganso e Neymar terminou com a finalização do atacante santista nas mãos do goleiro Begovic, aos 28 minutos do segundo tempo. 



Foi um contra-ataque perfeito, com os jogadores fazendo o mínimo necessário para levar a bola até a área adversária: trocaram passes em velocidade em direção ao gol. 

Mais provável que isso aconteça com Ganso do que com Ronaldinho Gaúcho, misteriosamente ainda aproveitado por Mano Menezes.

O lance merece ser destacado porque é o exemplo do que pode e deve ser feito na seleção brasileira, que mais uma vez, agora na vitória sobre a Bósnia, manteve-se distante do jogo coletivo.

Mas foi um bom teste. E é simples entender: nossa evolução é tão lenta e preocupante que não podemos nos queixar da falta de um adversário mais forte. 

É o que a seleção consegue suportar no momento. Falta-nos jogo associativo, aproximação, sentido de equipe. 

O exemplo é o gol de empate, marcado por Ibsevic no primeiro tempo. David Luiz errou uma saída de bola, sem pressão, e Júlio César falhou.

O lado positivo do confronto foi à postura da seleção diante do jogo pesado e físico da Bósnia. 
A falta de entrosamento e de talento em alguns setores não significa que o time tenha amarelado e deixado de lutar, por isso chegou à vitória.

A jornada até o Mundial é longa. Por enquanto, o mais provável, é prepararmos o salão para a festa alheia.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

Sem sal, primeiro Ba-Vi do ano termina sem gols

Sem sal, primeiro Ba-Vi do ano termina sem gols
Foto: Agência Haack
Do lado de fora, o reencontro de dois grandes ex-jogadores do futebol mundial e, hojem treinadores: Toninho Cerezo e Paulo Roberto Falcão, estreante do dia. Dentro das quatro linhas, um clássico que deixou a desejar. O público compareceu, prestigiou, mas deixou Pituaçu sem motivos para festejar. Bahia e Vitória, no primeiro Ba-Vi do ano, não passaram de um amargo 0 a 0, na tarde deste domingo (12). O tricolor segue na segunda posição, agora, há cinco pontos do líder Bahia de Feira. Já o Vitória, com os resultados do Atlético de Alagoinhas e Vitória da Conquista, perdeu duas posições.

Bahia começa melhor
Surpresa antes da bola rolar. Toninho Cerezo surpreendeu e escalou o rubro-negro com quatro volantes, dando mais liberdade ao estreante Robston e ao jovem Mineiro. Do lado tricolor, a novidade ficou restrita ao novo padrão número 1, da coleção Nike. O clima não poderia ser melhor: sol forte e fim da greve da Polícia Militar. Em campo, o clássico número 425 começou a todo vapor.  O Bahia, mais ofensivo, buscava a saída pelas laterais do campo, principalmente com Gabriel no lado direito. Entretanto, os erros de passes eram muitos. Aos 8, Marquinhos aproveitou o espaço e chutou de fora. A finalização desviou no zagueiro Rafael Donato e por muito pouco não enganou Omar, que ficou só olhando a bola sair. Como em todo clássico do futebol brasileiro, um lance polêmico. Aos 14, Zé Roberto ajeitou para Morais. O meia chutou forte e bola pegou no zagueiro Gabriel. Os jogadores do Bahia reclamaram que a bola havia acertado o braço do adversário, mas Rodrigo Martins mandou seguir. Estreante como titular, Zé Roberto apareceu mais uma vez. Aos 17, o atacante puxou o contra-ataque rápido, invadiu a grande área, porém esqueceu o que fazer. Não finalizou e quando tocou, errou. O Bahia percebeu a fragilidade do lado esquerdo do Vitória, onde estava o meia Élton, improvisado como lateral, e forçou. Aos 20, Coelho recebeu bom passe de Gabriel e obrigou a primeira intervenção de Douglas. Pouco depois, o mesmo lateral cobrou o escanteio e Fahel, no primeiro pau, testou com perigo.

Vitória equilibra o jogo
A superioridade do tricolor irritava ao treinador Cerezo, que não parava de gesticular à beira do campo. A opção de Toninho Cerezo em escalar quatro volantes não encaixou. Ainda que bem eficientes no quesito marcação, o quarteto Robston, Mineiro, Uelliton e Rodrigo Mancha pecava na criação. Marquinhos e Neto Baiano sentiram na pele e foram pouco acionados. Aos 34, Marquinhos desperdiçou a melhor chance do rubro-negro. Rafael Donato saiu jogando errado e presentou Robston, que viu o camisa 11 passar livre e tocou. Marquinhos teve a chance de finalizar, mas demorou demais e perdeu a bola. O Leão cresceu. Aos 40, Marquinhos cruzou e Neto Baiano, de bicicleta, botou para fora. O primeiro tempo terminou sem gols e muito equilibrado.

Dez minutos eletrizantes
As duas equipes voltaram para o segundo tempo sem mudanças, mas com outra postura. Em menos de dez minutos Bahia e Vitória criaram as melhores oportunidades do jogo, até então. Aos 2, o sistema defensivo do tricolor falhou e a bola caiu no pés de Marquinhos, que de primeira levou muito perigo ao gol de Omar. O jogo esquentou.  Aos 5, Neto Baiano foi reclamar de uma jogada de Souza com o lateral Léo e os se estranharam.  Deixando a polêmica de lado, o esquadrão também atacou. Aos 6, Hélder foi até a linha de fundo e cruzou com perfeição. Morais apareceu entre os zagueiros e cabeceou, pela linha de fundo. Não demorou muito para os dois treinadores mudar. Cerezo sacou Mineiro, que já tinha amarelo, e botou Pedro Ken para dar mais criatividade. Pelo Bahia,Vander substituiu Zé Roberto, que ainda está longe da forma física ideal. 
 
Cerezo não se contentou e avançou a equipe. Arthur Maia entrou no lugar de Robston. Se o Vitória se torna mais ofensivo, Falcão tenta dar mais qualidade ao passe e coloca Diones no lugar de Fabinho. Aos 21, o volante Uelliton sentiu um incômodo na coxa e pediu para sair. Michel entrou e quase marca. O camisa 14 soltou uma bomba, de fora da área, e a bola passou rente à meta de Omar. O técnicos mudaram mas o clássico voltou ao ritmo da primeira etapa. Muita correria e nada de lances perigosos.Aos 29, Vander trouxe o lance para o meio e chutou de fora. A bola não saiu forte e passou ao lado da trave direita de Douglas. O clássico ficou sem graça. As duas equipes trocavam passe, mas longe de qualquer clara oportunidade de gol. Não deu tempo para mais nada e o Ba-Vi terminou sem gols, e sem graça.
 
FICHA TÉCNICA
Bahia 0 x 0 Vitória
Local: Estádio de Pituaçu, em Salvador
Data: 12/02/2012
Árbitro: Rodrigo Martins Cintra
Auxiliares: Raimundo Carneiro Oliveira e Elicarlos Franco de Oliveira
Cartões amarelos: Hélder (Bahia) / Gabriel, Arthur Maia, Mineiro e Élton(Vitória)
Público: 29.380
Renda: R$ 771 mil
 
Bahia: Omar, Coelho, Titi, Rafael Donato e Hélder; Fahel, Fabinho (Diones) e Morais; Gabriel, Zé Roberto (Vander) e Souza. Técnico: Paulo Roberto Falcão.
 
Vitória: Douglas, Léo, Dankler, Gabriel Paulista e Élton; Uelliton (Michel), Robston (Arthur Maia), Mineiro (Pedro Ken) e Rodrigo Mancha; Marquinhos e Neto Baiano. Técnico: Toninho Cerezo.





Por Aleksim Oliveira