domingo, 5 de agosto de 2012

O PASSADO NÃO PASSA


Antes de começar a Olimpíada, acreditava que o Brasil era o maior favorito no futebol masculino, por causa da maneira de jogar, diferente dos times brasileiros e, principalmente, por ser quase a Seleção principal.


Após algumas rodadas, ao ver todas as equipes, aumentou minha convicção. Obviamente, nem sempre se joga tão bem e, nem sempre ganha o favorito.

Posso também estar enganado. Em uma competição, com frequência, um time goleia e dá show no inicio, encanta, mas, depois, perde o jogo decisivo. Na ultima partida contra Honduras, a vitoria não foi tão convincente.

O Brasil, criticado por não ter feito um planejamento para a Olimpíada, é, coletivamente, o melhor time até agora. Muitas outras seleções parecem um ajuntamento de última hora.

Os que não conheciam Neymar devem ter ficado deslumbrados após o jogo contra a Bielorrússia. Os que já o tinham visto jogar mal, pela Seleção principal, contra fortes equipes, e pelo Santos, contra Corinthians e Vélez, devem ter se perguntado: “Quero ver Neymar driblar tanto contra times melhores”. Penso que isso é questão de tempo.

Neymar precisa aprender a brilhar sem depender tanto dos dribles. Quando enfrenta fracos times, mostra seu imenso e fascinante repertório. Contra times fortes, tenta fazer o mesmo e, com frequência, não consegue. Já Oscar, que está longe de ter o talento individual de Neymar, é capaz, pelo estilo, de jogar muito bem contra qualquer adversário.

Uma das qualidades da Seleção é não ter um único meia de ligação, clássico, responsável pela criação de jogadas, uma obsessão dos treinadores brasileiros. Oscar, Hulk e Neymar são meias e atacantes, armam e fazem gols. Oscar, às vezes, é um terceiro volante, pois volta para marcar ao lado dos outros dois.

Quase todas as grandes e/ou vencedoras equipes, como as Seleções Brasileiras de 58, 62, 70, 82, 94 e 2002, o Santos da era Pelé, o Barcelona de Messi e outros, não tinham ou têm um clássico meia de ligação.

Apesar de não ter visto o Santos da era Pelé e as Seleções de 58, 62 e 70 jogar, é o que pude descobrir em minhas pesquisas sobre o nosso futebol. Em minhas lidas sobre o futebol, junto com o que assisto hoje em dia, acho também que não se deve confundir o atual meia, como Deco, Ronaldinho Gaucho e Ganso, que jogam em pequenos espaços, entre o meio e o ataque, e que não participam da marcação, com os meias armadores, como Gerson, Didi, Rivelino, Ademir da Guia, Dirceu Lopes, Xavi e iniesta, que jogam de uma intermediária à outra, marcam e avançam.

Os atuais meias são também diferentes dos antigos pontas de lança, como Pelé, Zico, Sócrates e Rivaldo, que eram atacantes, artilheiros, e que voltavam ao meio-campo só para receber a bola livre.

O passado existe para ser lembrado, para ajudar e compreender o presente e para pensar o futuro. O passado continua presente. O passado não passa.