Perder da
Itália, em 1982, foi doído. Mesmo a derrota para a França, quatro anos depois
(1986), na disputa de pênaltis, apesar de o time não jogar nem metade daquele
que esteve na Espanha, também foi amarga… dura constatação de que Falcão,
Sócrates e Zico jamais seriam campeões mundiais.
Levou algum tempo
para que a frase: "Zico não foi campeão do mundo? Azar da Copa do
Mundo!", viesse nos consolar. Que saudade dessas derrotas, para um timaço
como o italiano ou para França de Platini e companhia! Até mesmo a
decepção de 1998, misturada à perplexidade sobre o que teria acontecido com
Ronaldo, teve um quê de dor, porque era uma seleção respeitável a que caiu
diante da mesma França na partida final.
Assim como
há derrotas que dão saudades por remeterem a um futebol apreciável, há vitórias
que são comemoradas… e ponto. Ninguém pega
o jogo para ver de novo, como a do tetracampeonato(1994), contra a Itália, também nos pênaltis, depois
de sofridos 120 minutos sem gols sob o sol do meio-dia em Los Angeles, 45ºC à
sombra.
É
incomparavelmente melhor vencer sem curtir do que perder amaldiçoando a
derrota. Como contra o Paraguai, que da Itália só tem um "i" e os
"as" e da França os "as". Perder jogando bulhufas, recuado
para segurar uma vantagem fruto do acaso, dando chutões e ainda tirando de
campo o jogador mais tarimbado minutos antes da cobrança dos pênaltis. Aí dá
raiva… dá vergonha!
Porque
depois de quase um ano do 7 a 1 (derrota que não dá saudade nem raiva, só
assombro e boas piadas) nada foi feito de aproveitável para mudar, como o que
foi feito tinha de dar no que deu. Se Felipão achou um apagão como desculpa,
Dunga encontrou a poluição. Enquanto isso, Marin está na prisão,
Nero em ‘reclusão’.
É essa gente que nos impede, até, de
ter saudades de certas derrotas.