quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Bai, Barcelusa


O consolo do velho, diante da expectativa que se encurta a cada dia, é a lembrança longa, aquela que se estende a um tempo em que mal roça a imaginação dos mais jovens.

Sobretudo, um tempo que não foi guardado em imagens, restando apenas na memória de suas testemunhas, nem sempre autênticas, e, por isso mesmo. quase nunca aceitas em sua plenitude.

Em pesquisa de curiosidade, encontrei craques do passado que atuaram na Lusa, formando grandes times.

Muca; Nena e Noronha; Djalma Santos, Brandãozinho e Ceci; Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão. Dizem que jogavam por música, como em sustenido e mi bemol, com os requintes por exemplo de um Bach interpretado por João Carlos Martins, que é seu mais ilustre torcedor, quando suas mãos mágicas ainda não haviam sido deformadas pelo futebol de intrépidos veteranos.

E vieram, em seguida, Edmur, Ipojucã, o argentino Pontoni, Raul Klein, Jair da Costa, Servílio, o Príncipe Ivair, Ocimar, o genial Enéas, Dicá, Basílio…

Já na minha geração,veio e foi-se o pequenino Dener, uma espécie de Neymar de sua época, como um relâmpago de intenso fulgor quanto fugaz que iluminou os céus do Canindé por um átimo. Craque que tive prazer de ver jogar.

Dou esse breve mergulho no glorioso passado da Lusa para dele trazer o fio condutor que o liga a este, recém-sagrado campeão da Série B com uma pá de rodadas antecipadas, depois de cumprir arrasadora campanha ao longo da temporada sob o comando de Jorginho Cantinflas, essa grande e humilde vocação para treinador de futebol, que merece elogios há tempos.

E, sem maiores delongas, quero aqui ressaltar três nomes desses time – um de cada setor da equipe – para homenagear todos os demais. Falo do goleiro Weverton, um paredão lá atrás; do meia Marco Antonio, autor de golaço no empate desta noite com o Sport, desses autênticos armadores tão ausentes de nossos campos hoje em dia; e de Edno, o artilheiro implacável de tão desafortunada passagem pelo Corinthians recentemente.

Eles sintetizam um time que, contrariando todos os clichês referentes à Segundona, segundo os quais o candidato ao acesso deve ser uma equipe guerreira, que privilegie a marcação acima de qualquer outra coisa, esse papo furado de sempre, praticou um futebol dentro das regras da arte – uma bola jogada com técnica, habilidade e velocidade, voltada sempre ao ataque, isso, sim.

Não foi por menos que o humor da galera batizou esse time de Barcelusa. Neste caso, a brincadeira até que cabe mesmo.


Por Aleksim Oliveira

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