Na Copa
da Rússia, que começa no próximo mês, não haverá grandes novidades táticas, a
não ser que apareça um Dom Quixote, um aventureiro.
Qualquer
que seja o sistema tático, todas as equipes devem ter um centroavante, com mais
ou menos habilidade e mobilidade, e um jogador de cada lado, com
características mais de armador ou mais de atacante. As variações serão nas
estratégias, no número de zagueiros (dois ou três) e no desenho tático do
meio-campo.
Há uma
tendência mundial de formar o meio-campo com apenas um volante centralizado,
para marcar e iniciar as jogadas ofensivas, e um meio-campista de cada lado,
que atue de uma área à outra. Essas equipes, quando perdem a bola e não
conseguem recuperá-la imediatamente, recuam, marcam com cinco (três do meio e
os dois jogadores pelos lados) e avançam com cinco (dois dos três armadores, os
dois pontas e o centroavante). A Espanha joga dessa forma. O Flamengo também
atua assim e, mais recentemente, o Atlético-MG passou a fazer o mesmo. Pode
chamar de 4-3-3 ou de 4-1-4-1. Não tem importância.
Outras
seleções, como Alemanha e França, e a maioria dos times brasileiros, como
Cruzeiro, Palmeiras e Grêmio, preferem atuar com dois volantes e um meia de
ligação centralizado, que, de acordo com as características, atua mais próximo
dos dois volantes, como Özil (Arsenal) e Lucas Lima (Palmeiras), ou mais
próximo do centroavante, como Griezmann (Alético Madrid) e Thiago Neves
(Cruzeiro). Esses times, quando perdem a bola, marcam com uma linha de quatro
no meio-campo (dois volantes e um meia de cada lado). Pode chamar de 4-2-3-1,
4-4-2 ou 4-4-1-1. Não tem importância.
Na Copa,
a seleção brasileira deve usar as duas formações no meio-campo.
Uma, para
enfrentar as seleções mais retrancadas, como na primeira fase, com apenas um
volante, Casemiro (Real Madrid), dois meias ofensivos, Paulinho e Coutinho
(Barcelona), além de um jogador de cada lado e um centroavante. Na outra,
contra seleções mais fortes, nos jogos mata-mata, para reforçar a marcação, com
Fernandinho (Manchester City) ao lado de Casemiro, além de Paulinho, como no
recente amistoso contra a Alemanha. Coutinho disputaria a posição com William
(Chelsea), pela direita.
A
Argentina é uma incógnita, na escalação e na maneira de jogar, já que Sampaoli
é surpreendente, assumiu o time há pouco tempo e experimentou várias formações
táticas. Se a Argentina fracassar, Messi (Barcelona) carregará uma sombra em
sua magistral carreira. Parte da torcida vai criticá-lo por não ser um deus,
como Maradona, e outra vai levar eternamente um sentimento de frustração, por
Messi não ter tido um time bom para ajudá-lo. Mas, se a Argentina ganhar,
haverá um outro santo, mais forte ainda que Maradona.
Algumas
seleções vão jogar com três zagueiros e dois alas, como Inglaterra, Suíça e
Costa Rica, as duas últimas, adversárias do Brasil na primeira fase. São Paulo,
Fluminense e Atlético(PR) também jogam dessa forma. Repito, quando os alas
avançam, abrem espaços nas costas, pois os três zagueiros tendem a se juntar
pelo centro e, quando um sai na cobertura pelo lado, costuma chegar atrasado. O
Palmeiras, contra o Atlético(PR), se aproveitou disso.
O futebol é como um ser vivo, influenciado por múltiplos fatores, mistura inspiração e expiração, de ciência e imprevistos. Quando termina a partida, elegemos os heróis e os vilões e tentamos explicar, com bons e maus argumentos, o que, muitas vezes, não tem explicação. Tem existência.
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