A maneira de
jogar do futebol brasileiro já a algum tempo, é de muita emoção e de pouco
controle do jogo. As equipes correm muito, jogam muitas bolas na área, atuam
com muita intensidade, emoção e vivem de sobressaltos, de lances picados,
individuais, isolados... às vezes, bonitos. Há pouca troca de passes e pouco
domínio da bola e do jogo.
Os jogadores
brasileiros precisam aprender a tomar decisões certas. Para isso, é necessário
lucidez, técnica e controle emocional. O típico jogador brasileiro é veloz,
habilidoso, individualista e confuso. Ameaça muito e realiza pouco.
Os times
atuam muito separados. Uma das razões de as maiores equipes do mundo não terem
mais um clássico meia de ligação é o pouco espaço entre os setores e a pouca
distância entre o jogador mais recuado e o mais adiantado. Se há poucos espaços
entre a defesa e o ataque, não há motivo para dividir o meio-campo entre os
volantes, que marcam e jogam do meio para trás, e os meias ofensivos, que
criam, atacam e jogam do meio para frente. Os meio-campistas fazem a dupla
função.
Porém, há
também algumas coisas boas acontecendo no futebol brasileiro. Além do aumento
da média de público, do tempo de bola em jogo, do maior número de bons
gramados, da diminuição do número de faltas…, existe uma tentativa de se jogar
um futebol melhor, como fazem, principalmente, Atlético-MG e Palmeiras. As duas
equipes associam, em uma mesma partida, a posse de bola e a troca curta de
passes com rápidos contra-ataques. Essa união de estilos é hoje a maior
evolução do futebol mundial. Rafael Carioca e Giovanni Augusto, destaques do
Atlético-MG, são (ao meu juizo) dois armadores que se completam.
Outras
equipes têm jogado bem, como Grêmio e Sport. Faltava ao time gaúcho mais
agressividade no ataque, agressividade esta, que apresentou contra o grande rival na goleada de
domingo. O jovem Luan, uma promessa, tem muita habilidade, criatividade,
velocidade, se movimenta bastante, mas, para ser um jogador excepcional,
precisa ser mais decisivo no ataque. Maicon, desarma no
próprio campo, toca, avança, recebe, toca e faz todo o time do Grêmio trocar passes. No
São Paulo, diziam que ele era muito lento. Ele é muito superior aos atuais
volantes do time paulista.
Faltam ao
futebol brasileiro mais jogadores excepcionais, especialmente do meio para
frente. Um Neymar surge do nada, sem programação. Já os excepcionais podem ser
formados. Porque eles desapareceram do futebol brasileiro? Para encontrar
soluções e um bom tratamento para um doente, é necessário ter um amplo e correto
diagnóstico. O futebol brasileiro, tá doente, tá mal… mas TEM CURA.
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