Muitos acham que o
futebol brasileiro ainda não chegou ao fundo do poço e que o próximo fracasso
será não participar da Copa de 2018. Outro caminho, que
agrada a muitos, é a diminuição da importância da seleção. Após os 7 a 1,
quando se esperava uma comoção nacional, a maioria levou na gozação…
"Existem coisas mais importantes no país".
São múltiplas as razões
para a queda de nosso futebol e, isoladamente e em pouco tempo, nenhum
treinador, dirigente, mágico… nem Neymar vai resolver o problema. O futebol
brasileiro está doente, há muito tempo, do corpo e da alma. Para tratá-lo, é
necessário um grupo de profissionais especializados, independentes e
competentes, dentro e fora de campo, e que tenham tempo. Não é coisa para,
oportunistas, nem ex-atletas que não se prepararam tecnicamente. A primeira
meta deveria ser trazer o doente à realidade e acabar com as mentiras, como a
de que o Brasil produz craques a cada esquina, além de reconhecer a evolução
dos adversários.
A primeira divisão do
futebol está nos grandes times da Europa (Barcelona, Real Madrid, Bayern de
Munique…). O futebol que se joga no Brasil é, de segunda divisão.
Falta à seleção um
técnico com experiência e sucesso na primeira divisão. Colocar Dunga ou outro
treinador brasileiro é o mesmo que pôr um técnico da Série B do Brasileirão em
um dos grandes da Série A, sem passar por trabalhos intermediários.
Evidentemente, esse é apenas um de dezenas de problemas. Na parte técnica e
tática, o futebol brasileiro vive de lances isolados, de espasmos. Há pouco
jogo coletivo. A seleção atual tem enormes espaços entre os setores, como os
times brasileiros. Os volantes avançam na marcação, e os zagueiros ficam muito
atrás. Mas nossa principal
carência é a falta de um excepcional atacante à frente de Neymar e de um grande
meio-campista, que atue bem de uma intermediária à outra. Se tivéssemos esses
dois jogadores, além de Neymar, o time poderia ter chances de brilhar, mesmo
com Dunga, Gilmar Rinaldi, Del Nero… Foi o que ocorreu na Copa de 2002.
Nosso futebol está
doente também da alma e precisa de ajuda psicológica. O prestígio e a marca do
futebol brasileiro ainda são valiosos, acima da qualidade técnica e emocional
dos atuais atletas. Diante de tanta pressão,
expectativa e responsabilidade, eles jogam menos do que sabem. Neymar (por exemplo), contra a Colômbia, teve crise de chiliques. Thiago Silva, deixou de estar entre os melhores zagueiros do mundo, depois de dois graves erros, idênticos e inexplicáveis. Já criticar os
jogadores, que seriam indiferentes à seleção, é injusto e não tem nada a ver. Desequilíbrios
emocionais sempre existiram. Até hoje, não sabemos, nem Ronaldo mesmo sabe, se
ele, na final da Copa de 1998, teve uma convulsão ou uma “síndrome de conversão
psicomotora” (conhecido “piti”). Isso mostra a fragilidade humana, mesmo nos
craques.
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