No Brasileirão, tenho
visto alguns ótimos jogos, como Atlético-MG x Sport, com muita troca de passes,
com times compactos e organizados coletivamente, e também muitas partidas
bastante fracas, como Fluminense x Cruzeiro, com excesso de chutões e erros
bisonhos de passes. Uma das razões dessa diferença é o fato de os técnicos de
Atlético-MG e Sport comandarem há mais tempo seus times. Por outro lado, a
falta de tempo não pode ser a única justificativa para atuações tão ruins.
Por causa de grandes
craques da história, que executavam belíssimas jogadas individuais, e do enorme
desenvolvimento da tecnologia e da comunicação, criou-se, nos últimos tempos,
uma cultura esportiva de supervalorizar os lances individuais e isolados, os
melhores momentos, as imagens, que são mostradas e discutidas milhões de vezes
nos programas esportivos, em todos os ângulos, como se fossem uma síntese da
partida. Pouco se fala do jogo coletivo. Muitos comentaristas
acham que todos os lances isolados ou um gol têm uma explicação técnica, com
movimentos planejados. Não é bem assim. As decisões, no instante do lance,
costumam ser circunstanciais, intuitivas, decididas no momento. Isso é muito
diferente do jogo estruturado, coletivo, de uma área à outra.
O símbolo do jogo coletivo é o passe. É necessário, antes de tudo, desde as categorias de base, investir nesse fundamento e na formação de grandes meio-campistas, que, além da técnica, possuam a lucidez de fazer as escolhas certas, entre dar um passe seguro, para manter a posse de bola, e dar um passe incisivo, decisivo.
Luxemburgo, algumas
vezes, falou que não viu nada de novo na Copa América, nem no Mundial, e que a
Alemanha foi elogiada por jogar com três volantes, enquanto os técnicos
brasileiros são criticados quando fazem o mesmo. Luxemburgo trocou as bolas. Os
volantes, ou melhor, os meio-campistas da Alemanha eram Khedira e os
excepcionais Kroos e Schweinsteiger, que jogavam de uma intermediária à outra.
Khedira fez um, e Kroos, dois, nos 7 a 1.
Quando
criticamos a ‘troca de favores’ e a formação de ‘patotas’, não nos referimos
apenas às escolhas tendenciosas de profissionais, ao corporativismo e ao jogo
de interesses, pessoais e comerciais. Nos
Referimos também ao provincianismo, à visão estreita e viciada, à falta de
conhecimento e de reconhecimento do que existe de melhor pelo mundo.
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